Há momentos na vida em que recebemos convites que não podem ser recusados. Deixar Portugal rumo a Brasília foi um desses momentos únicos, marcados não apenas pela mudança de país, mas pela oportunidade de participar de algo grandioso: ser parte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da construção de um projeto de Media Lab para ela. Um convite que ficará eternizado em minha memória, trajetória e currículo, ainda que, naquele instante, a Direção tenha optado por não avançar com a implementação do projeto.
Na EBC, assumi o cargo de Gerente de Planejamento e Administração de Marketing, posição que me proporcionou uma nova perspectiva sobre o papel crucial de uma comunicação estratégica. Embora nem todos os fluxos deste tema passassem pela nossa área, penso que pude contribuir, junto com uma equipe dedicada, da melhor maneira possível em todas as oportunidades que surgiram. Entre tantos projetos, destaque para o Prêmio EBC de Combate à Desinformação, cuja realização só foi possível graças ao empenho da equipe que liderei. Além disso, estivemos à frente de diversas campanhas de ampliação de audiência e fortalecimento da reputação dos programas da casa, da escrita e revisão do Plano de Marketing, bem como do grande desafio das Eleições Municipais, inserindo mais de 11 mil spots políticos nas rádios administradas pela EBC — um feito que reforça a importância estratégica da comunicação precisa e eficiente.
Conhecer Brasília foi, também, uma honra singular. Caminhar ou andar de bicicleta pelo Eixo Monumental, passear pela Esplanada dos Ministérios e perceber que ali pulsava o coração político do Brasil era, por vezes, quase inacreditável. Visitar o Palácio do Planalto, observar de perto as salas de reunião da Presidência da República, e, inclusive, conhecer, mesmo que numa rápida troca de olhares e um clique eternizado o próprio Presidente da República, são momentos que guardarei para sempre com grande carinho e respeito.
Dentre essas vivências, uma se destaca de maneira especial: visitar os estúdios da Voz do Brasil. Como apaixonado pelo rádio, ter a chance de falar ao microfone aquele emblemático “Em Brasília, 19 horas” foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes de toda a minha caminhada no jornalismo.
Entretanto, desde o princípio, sabia que Brasília seria para mim uma passagem. Não sendo concursado, era natural que a permanência pudesse durar cinco, sete, dez meses — ou, como foi, doze meses. Neste período, conheci pessoas extraordinárias e também me deparei com um outro lado de quem busca o poder a qualquer custo. Mas assim é a vida: feita de encontros e despedidas, de desafios e conquistas, de escolhas certas e de equívocos inevitáveis.
Por fim, deixo aqui um agradecimento especial à Maíra Bittencourt pelo convite e pela confiança, e a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte dessa jornada brasiliense — um capítulo que levarei comigo para sempre.
Volto pro RS e não seria possível fugir de um encerramento com os versos de Mario Quintana, que tão bem descrevem este momento de transição: “Eles passarão... Eu passarinho.”
Assim, como um passarinho, sigo agora em busca de novos voos, novos lugares, novas histórias e novas pessoas.
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